quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Amor virtual


Em tempos de conectividade ubíqua, percebemos o crescimento das relações mediadas por dispositivos móveis. Mais do que manter a conexão com o network real, configurado sobre as relações presenciais, o ciberespaço se torna o ponto de partida a novos relacionamentos. Ao mesmo tempo que cresce o número de pessoas que se conhecem através de interações virtuais, os relacionamentos tornam-se, cada vez mais, superficiais em sua grande maioria. 

Alguns pensadores relacionam o início da era tecnológica com o fim do romantismo clássico. Se antes, os relacionamentos estáveis partiam de demoradas insistências, apresentações formais e interesses sociais, políticos e familiares, hoje, os encontros oriundos de conversações virtuais se tornam uma espécie alternativa de prazer inconsequente, ou, sem fins matrimoniais. Ficar se torna mais atrativo do que firmar compromisso a longo prazo.

Neste contexto, os sites de relacionamento vem se tornando um ambiente alternativo para que tais laços afetivos se estabeleçam. Mesmo que seja por uma noite. Da mesma forma que ocorre as festas, bares e outros pontos de encontro, populares a este tipo de empreitada. Encontrar alguém em um site de relacionamento se torna tão natural quanto fazer amizades nas baladas em fins de semana. 

Da mesma forma que nos bares, nos sites de relacionamento, nem todo mundo se torna frequentador por ser um sexo-maníaco. Apesar do instinto caçador mover boa parte do público frequentador de ambos os espaços. Seja na noite ou na web, boa parte dos visitantes só quer conversar, ver gente bonita e curtir o momento.

A conversação é a forma utilizada na apresentações. Sejam dialógicas ou informativas. A diferença principal dos sites de relacionamento, além do contexto não-presencial da virtualidade, é o fato de que as pessoas costumam mostrar um pouco de si, antes de ir ao encontro físico. Apesar da existência de perfis fake, e uma certa 'maquiagem' da realidade, os internautas costumam mostrar fotos atuais. Assim como revelar hábitos, preferências e outras informações relevantes. Como se estivessem colocando, a si mesmos, em uma prateleira.

Desta forma, surge o que chamamos de 'amor como mercadoria'. Ou, simplesmente, comercialização de perfis. Onde cada um busca mostrar o seu melhor. Revelando também as preferências sobre o par ideal. Do mesmo modo, são reveladas as intenções de cada internauta. Em boa parte dos sites de relacionamento, tais como 'Badoo', 'Pof', 'Tinder' ou, até mesmo, o velho conhecido 'Par Perfeito', costuma-se disponibilizar características e preferências no perfil dos usuários.

A vantagem das três primeiras plataformas, além de serem mais modernas, estarem adaptadas ao uso móvel e terem funções de mídia locativa, é o fato de suas principais funcionalidades serem gratuitas no pacote básico. O fato é que as relações evoluem e migram a outras plataformas. Dentre elas, podemos citar o Facebook, o Skype e o Whats App, por exemplo. A partir de então, é questão de alguns cliques até que o encontro virtual se materialize em uma relação real.



J.P.D.

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