sexta-feira, 14 de março de 2014

Quem Somos ? !


Partindo da própria vivência, até chegar ao ser íntimo, analiso o processo de recriação e percebo a complexidade que nos tornamos. Heidegger percebia o homem como um ente isolado, dotado de subjetividade. Enquanto o mundo era percebido como um conjunto de entes. Múltiplos, plurais e heterogêneos. Onde o dualismo dos opostos comunga no caos e na ordem. Enquanto isso, Nietzsche nos perguntou como nos tornamos quem somos. E Baudrillard nos explana que todo homem é dotado do bem e do mal. Neste contexto, indo além de Baudrillard, me atrevo a dizer que algo faltou à Nietzsche e que Heidegger estava errado.

Primeiramente, afirmo, apoiado nas próprias experiências, que o homem é um complexo plural de entes. No qual, comungam o igual, o semelhante e o diferente; O contrário e o mesmo; O certo e o errado; O profano e o divino; O masculino e o feminino; O anjo e o demônio; O pai e o filho; O santo e o pecador; O animal e o espiritual; O cavalo, o guerreiro e o cavaleiro; O antes e o depois; O tudo e o nada.

A legitimação da subjetividade plural complexa se dá à media em que experimentamos pensar de formas distintas. Nos colocando no lugar, e no papel, dos mais variados personagens da vida real. Contudo, não de forma representativa; Mas, de espírito incorporado. Não de algo externo; Mas, sim, do que vive no âmago de nosso interior: Nós mesmos.

Assim, muitos aprendem o segredo da construção, incorporação e legitimação de subjetividades. Os personagens do cinema, como os Heróis Marvel, por exemplo. Ou, os personagens de Anysio e Disney, podem ser retratados como representações simbólicas de entes reais, os quais posteriormente são incorporados e legitimados. Estou longe de dizer que podemos nos tornar um Batmam, Homem Aranha ou Super Man. O que quero dizer é que muitos dentre nós são influenciados pela ficção, da mesma forma que somos influenciados pela mitologia e pelo sincretismo.

Todos temos nossos referenciais. Alguns, dentre nós, costumam chegar ao ponto de se julgar os próprios heróis que cultuam. Outros se sentem como os tais, mesmo sem dizer nada a ninguém. Alguns ainda experimentam pensar e agir como, pensam e agem, suas próprias referências. Ou, pelo menos, como imaginam que pensam e agem, suas respectivas referências. Assim, incorporamos elementos e construímos o próprio ser. Baseando-se em tudo o quanto nos alimentamos do mundo externo. Da mesma forma, alimentamos, construímos e legitimamos o ser complexo que nos tornamos e somos.

A memória dos mortos; As referências no mundo real; Os personagens da televisão; Nossos mestres, amigos e familiares; Os vídeos, fotos e textos da web. Enfim, tudo contribui na construção da complexidade do pensamento humano. E quando somos capazes de sentir e agir de acordo com o que pensamos, legitimamos tudo o quanto acreditamos. Não da mesma forma como percebemos, mas, da forma como somos capazes de recriar. A partir da experimentação, da vivência e da experiência cotidiana.

Somos o produto de nossas relações, crenças e interações; Aprendemos em cada experimento; Nos tornamos quem somos pela soma de um conjunto de fatores. Do nascimento; Das influências da infância; Da multiplicidade de experiências na juventude; Da maturidade alcançada pelo desenvolvimento da consciência; Pelos valores da razão legitimados na prática; E pelo entendimento de que somos capazes de transcender todo e qualquer tipo de pensamento e sentimento, desde que nos mostremos receptivos aos mais distintos referenciais possíveis, ao mesmo tempo em que construímos o próprio caminho. O principal de tudo: Entender que podemos estar enganados mesmo quando temos certeza.

J.P.D.

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