domingo, 5 de janeiro de 2014

Racionalizar a tecnologia


Hoje fez uma tarde muito quente em Porto Alegre. Era mais ou menos duas da tarde e resolvi ir pro clube curtir uma piscina. Fiz minha carteira do SESC como Microempreendedor Individual e Comerciário (Já que  uma das atividades que tenho habilitação em meu CNPj é o comércio de livros, CDs, DVDs e outras mídias). Cheguei no clube com a expectativa de encontrar pessoas conversando e interagindo de forma tradicional. Mas o que vi me espantou bastante. Isso me fez refletir sobre o mundo tecnológico, funcional e maquinístico em que vivemos.

Boa parte dos banhistas (principalmente os que estavam fora d'água, tomando banho de sol), em vez de estar interagindo no plano real, manuseavam inquietamente seus celulares, câmeras, tablets e laptops. A cena era difícil de ver. Seduzidos pela tecnologia agiam de forma doentia. Ao invés de olhar ao redor, fitavam os olhos na telas que seguravam viciosamente nas mãos.

Confesso que, ao ver aquela cena, me vi na mesma situação. O fato é que, olhando de fora, foi mais fácil perceber o quão grave é a questão. Geralmente, deixamos de perceber a gravidade dos problemas quando se trata de nós mesmos. Contudo, da mesma forma, sinto o vício midiático toda noite, quando só consigo dormir se posto alguma coisa neste blog. Da mesma forma, quando acordo, e só fico tranquilo quando checo meus e-mails.

Mas o que dizer de nossa geração? Alguns, dentre nós, entram em desespero quando ficam sem acesso à internet ou celular. Enquanto isso, os alimentos dependem da eletricidade para serem conservados quando abertos. O corpo, mal acostumado, pede ar-condicionado e ventilador nos dias quentes. E a mente busca informação midiática a todo momento. Seja no rádio, na tv, na internet ou nos impressos. Utilizamos ferramentas em quase tudo que fazemos. Até mesmo pra abrir uma lata ou cortar as unhas.

O homem não vive mais em equilíbrio direto com a natureza. Quando vivia da coleta, caça e pesca. Interferimos no ecossistema. Poucos dentre nós sobreviveriam em ambientes hostis, como aqueles em que viveram nossos ancestrais. Mas o que mais me preocupa são as crianças. Raras as que ainda sobem em árvores ou brincam na terra. Não há um contato direto com o ecossistema. Vivem um mundo paralelo, na realidade virtual dos games e mídias sociais. 

De algum modo, precisamos interferir neste processo evolutivo. A situação é caótica. E poucos percebem isso. Pra grande maioria, isto tudo é natural. Raros são os quais refletem sobre tal fenômeno neste contexto. E dos quais refletem, a maior parte aceita de forma passiva, como se nada pudesse fazer. Chegamos então a uma situação complexa. De um lado, precisamos da tecnologia. Precisamos fazer o mundo funcionar, de forma maquinística, ao nosso deleito. De outro modo, precisamos resgatar a sintonia com a natureza. 

Desde a alimentação aos hábitos cotidianos, há muito a ser feito. A consciência é o ponto de partida. Entretanto, muitos estão dormindo. Chapados pela tecnologia. Imersos na Matrix, em movimento automático. Seguindo o fluxo da maré. E neste ambiente, somos nós (que estamos acordados) que precisamos tomar as rédeas do desenvolvimento. Se quisermos evitar males maiores, e mensurar os benefícios da tecnologia aliada ao conhecimento.

J.P.D.

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