terça-feira, 13 de agosto de 2013

O surgimento do novo


No mundo do conhecimento, costumamos dizer que todo novo conhecimento parte de um conhecimento anterior que o precede. Este velho conhecimento, a ser explorado e expandido, é transmitido pelo saber popular através das narrativas, registros e memórias. Desta forma o novo seria então apenas uma recriação do velho. Contudo, esta é uma forma viciada e limitada de pensar o novo. Sendo que o novo pode partir de si mesmo ou até mesmo do nada.

É natural que todo 'terráqueo' acredite que só seria possível chegar a algum lugar, partindo de outro lugar. Muitos cientistas e filósofos antigos diriam que, de outra forma, se partiria do nada a lugar nenhum. Neste contexto, o homem formulou o conceito de 'Deus' a fim de tentar explicar tudo aquilo que não entendia. Pois lhe parecia inconcebível a ideia do tudo ter surgido do nada. Assim sendo, conforme as religiões, Deus precede, permanece e sucede em tudo, e a tudo, o que existe.

Apesar de acreditar em Deus como aquele que me permite estar aqui agora falando estas coisas, com amor e respeito ao poder superior; Vamos focar no viés científico e filosófico. É certo que a definição de suceder ou preceder só existe pelo fato de que o homem formulou o conceito de tempo partindo de referenciais, como a duração dos dias, das estações, assim como dos ciclos lunares, solares e terrestres. Peço que nos permitamos imaginar que o ontem e o amanhã coexistem no hoje. E que o passado e o futuro, não apenas se encontram, mas ocorrem simultaneamente no presente.

Fugindo um pouco da viagem filosófica, e viajando mais além ao mesmo tempo, podemos dizer que pensar na evolução do conhecimento como uma sucessão em linha reta seria eliminar, de algum modo, todas as outras formas de avanço em um contexto de expansão multidimensional. Convergências, divergências, ciclos circulares e elípticos, assim como as expirais, são algumas dentre as formas possíveis de ordenar a evolução do conhecimento.

É natural que algumas perguntas sejam mais difíceis de responder. E que algumas teorias só possam ser comprovadas com o tempo. Mas precisamos conceber novas formas de pensar o novo. O novo é mais do que tudo o quanto possa surgir do velho. É mais do que mero avanço sequencial, negação ou aceitação. É mais do que mera evolução. É criação que se distingue da recriação, por não depender da desconstrução e reconstrução de algo em sua materialização.

Precisamos, além de aceitar, incorporar no cotidiano os métodos que possibilitam a criação dos novos conhecimentos a partir de experiências empíricas, ao invés de partirem viciosamente apenas de velhos conhecimentos. Precisamos superar esta dependência do outro. apesar do diálogo ser inteligente e necessário. É certo que as duas formas de criação do conhecimento são bem vindas. Contudo, é certo também que a autenticidade é livre de influencias precedentes.

Sente sentido, segue sendo interessante nos abastecermos de toda forma de conhecimento existente no mundo. Porém, estando sempre atento aos insights que o mundo nos oferece. A observação participativa livre de qualquer influência. Na certeza de que na multidisciplinaridade,  a ciência e a filosofia são aliadas na empreitada de trazer o desconhecido ao conhecimento de todos.

J.P.D.

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