domingo, 19 de maio de 2013

Ensino Libertador


O livro ‘Medo e ousadia – O cotidiano do professor’ é um diálogo entre Paulo Freire e Ira Shor onde são discutidas as possibilidades da educação libertadora. ‘O que é ensino libertador? Como os professores se transformam em educadores libertadores? Como é que começam a transformar os estudantes? Quais os temores, os riscos e as recompensas da transformação? O que é ensino dialógico? Como devem os professores, falar no discurso libertador?’; São algumas, dentre outras perguntas colocadas e discutidas em meio ao diálogo.

Como são discutidos temas raça, sexo e classe em sala de aula no processo libertador ? Por que é importante trazer assuntos do cotidiano pra dentro da sala de aula ? Enfim, há muito a questionar neste contexto.

Torna-se um desafio a possibilidade de incorporar o pensamento crítico à vida cotidiana. No diálogo, Paulo e Ira colocam a necessidade de ser rigoroso em sala de aula. Sendo que o rigor é universal. Assim como é universal a necessidade de ser rigoroso. O rigor no sentido de desejar saber. De buscar uma resposta. Um método crítico de aprender. Incitando o outro a participar. E incluindo-o em uma busca ativa.

Neste sentido, a motivação do aluno e do professor sucede no mesmo momento em que ele está atuando, e não antes de atuar. Por isso é importante e necessária a participação dos alunos em sala de aula. Assim sendo, se torna mais tranquilo aprender quando há motivação em sala de aula. 

A motivação possibilita que superemos barreiras e ultrapassemos obstáculos. Se sente motivado o aluno que tem prazer em estudar e aprender. Outro fator colocado por Ira, por exemplo, é que o aluno desmotivado dentro da escola, pode ter muita motivação fora dela. E isto ocorre por vezes a cerca de atividades nada construtivas. Por isso é importante motivar o aluno dentro da escola.

O ciclo do conhecimento possui dois momentos. O primeiro momento é o momento da produção do conhecimento novo, de algo novo. O segundo momento é aquele momento em que o conhecimento produzido é conhecido ou percebido.

Há uma transferência de conhecimentos entre professores e alunos em sala de aula. Onde o professor se torna exatamente um especialista em transferência de conhecimento. Despertando a curiosidade e iniciando uma reflexão crítica relacionada a tais informações. Então, o aluno se sente motivado quando sente que está descobrindo algo novo.

No contexto capitalista, as escolas se tornam espaço destinado a compra e venda de conhecimento. Neste contexto, a educação tem de ser integradora; Integrando alunos e professores na criação e recriação de conhecimento. De certa forma, professores e alunos dispõem de um poder de construir conhecimento em classe.

De outro lado há situação em que o professor sufoca a aprendizagem do aluno. Há casos em que os professores supervalorizam as citações e referências, enquanto deveriam valorizar a criatividade do aluno e o pensamento crítico independente das correntes de pensamento conhecidas e usuais.

Na educação libertadora e dialógica o aluno ganha poder de participação, de iniciativa e uma certa liberdade em interagir a participar com sua visão pessoal, desprendendo-se, em parte,  da dependência das tendência ideológicas que o precedem.

Paulo freire coloca que a educação é também um ato político. E neste sentido, não há pedagogia neutra. Há uma ação da educação sobre a consciência reflexiva e refletora da realidade. A consciência torna possível a libertação. E é esta libertação que queremos aos nossos alunos.

Apesar de todas estas considerações, a experiência em classe é apenas ‘a ponta de  um iceberg teórico’, ou seja, há muito mais além disto tudo. Assim como no conhecimento adquirido em sala de aula, onde o aluno precisa ir atrás do conhecimento complementar, aqui também precisamos saber que há muito mais a ser discutido.

Precisamos levar em consideração a necessidade de diálogo e entendimento entre alunos e professores. Neste sentido torna-se possível o trabalho coletivo em sala de aula. Há uma necessidade clara de abordar assuntos do cotidiano em classe e possibilitar a livre participação dos alunos nos debates.

Sabemos que os alunos se sentem mais a vontade quando tem liberdade criativa. E livres para opinar conforme seus entendimentos, se tornam mais motivados a participar das discussões em grupo. E é nestas discussões que a criação e a recriação dos conhecimentos acontece. Além disso os alunos se sentem motivados a buscar o conhecimento complementar, ou seja, a parte restante do iceberg cuja a ponta é revelada em  sala de aula.

Assim, sendo precisamos ter em mente que estas considerações são apenas um ponto de partida para que revisemos e reformulemos nossas metodologias de ensino. O diálogo continua sendo uma das melhores alternativas na construção da educação libertadora.


J.P.D.

Resenha introdutória da obra ‘Medo e Ousadia – O cotidiano do professor’ de Paulo Freire e Ira Shor 

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