quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

The Second Life


Depois de sete anos retornei ao site de um jogo interativo do qual participava com frequência. Hoje fiz meu cadastro e baixei o Second life. Durante a tarde, após meu treino de academia, estudos e trabalhos na rua, resolvi entrar no game para interagir um pouco. O tempo passou e quando vi já havia se passado três horas. Foi o suficiente para lembrar que um dia fui um Game-maníaco. 

O vicio dos jogos interativos é como a gula, a luxúria e todo tipo de dependência química ou psicológica. Sei muito bem do que se trata. Entre a metade da década de oitenta e o início do terceiro milênio, os games tomavam boa parte de meu tempo. Na infância mais do que na adolescência. Tempo em que os jogos eletrônicos começaram a perder espaço para as interações reais em festas e encontros face-a-face.  

Porém, com a popularização da internet no final da década de noventa. Com o surgimento dos Web-chats e softwares como Mirc, ICQ e MSN, assim como a popularização do celular e do crescimento dos serviços do tipo Tele amigos; As interações mediadas começaram a ganhar cada vez mais espaço dentre a preferência daqueles que buscam amizade, relacionamento  ou encontros casuais.

Em 2003 surge o Second Life. Um hibrido dos jogos misturados aos softwares de comunicação instantânea, sites de relacionamento, rádios virtuais e portais comerciais. Em 2005 o Second Life tornou-se popular. Inclusive no Brasil. Em Porto Alegre, até uns sete anos, uma rádio rock, conhecida entre os jovens, promovia festas virtuais em tempo real. Num ambiente chamado Ilha Porto Alegre.

Nestas festas os internautas podiam ouvir música, interagir e fazer amizades. A ilha Porto Alegre imitava em parte a capital gaúcha. A Rave se dava em um parte da ilha chamada Cais do Porto. Depois de um tempo, este espaço interativo desapareceu devido ao fato de que a empresa que desenvolvia o jogo no Brasil havia deixado de participar da criação e gerenciamento dos ambientes virtuais. 

No Second Life, as ilhas, como são chamados os espaços interativos, são ambientes onde os jovens jogadores interagem a partir de seus avatares. Comercializam ferramentas a serem utilizadas no jogo. Fazem amizades. Se divertem. Namoram. E até mesmo casam. Hoje, por exemplo, quando passeava pela "Ilha London', encontrei num canto da Londres digital um casamento virtual entre dois jogadores. Um dos avatares vestia smoking, enquanto o avatar da outra personagem vestia um vestido de noiva. Tudo como na vida real.

O Second Life é um ícone dentre os jogos interativos em rede. Sobrevive há mais de uma década no mesmo formato. Como tudo começou. Após esta rápida interação cheguei a conclusão de que ainda sou viciado em games. E mais do que isto. Sou viciado em interação virtual. 

Enquanto jogava fiz amizade com uma jogadora brasileira que me ajudou a entender como tudo funciona no ambiente virtual do Second Life. Confesso que mesmo sem saber como, e quem, era  aquela pessoa na vida real, confesso que me apaixonei pelo seu avatar. Morena, bronzeada, cheia de tatuagens e um corpo escultural. É claro que no Game podemos ser como quisermos.

Meu próprio avatar tem mais de dois metros. Cabelo arrepiado estilo Naruto. Óculos escuros. Vestindo um sobretudo vermelho e uma grande espada embainhada nas costas. Até mesmo meu nome no jogo é uma criação a parte. Cheguei a colocar ingenuamente minhas informações pessoais verdadeiras no perfil. Mas depois ocultei-as. Pois nenhum dos jogadores os quais interagi revelou sua identidade real. Isto costuma acontecer após uma interação mais duradoura, salvo algumas raras exceções.

Resumindo. O Second Life ainda vive. E apesar de ser um ótimo ambiente para jogar e interagir, segue sendo uma fuga da vida real como a grande parte dos games. Digamos.  Uma fuga da First Life. Sobretudo, mostra que cada vez mais há pessoas interessadas na interação virtual. Em ambientes onde possam alimentar o imaginário. Recriando o próprio ser. Mesmo que seja em pixels e bytes. 

J.P.D. 

2 comentários:

  1. Sou uma veterana no sl, assim como vc tbem dei uma sumida do metaverso. E ultimamente bateu uma vontade de passear por lá. Quem sabe nos esbarramos por lá!

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