quinta-feira, 15 de março de 2012

A era do imediatismo


Você já se deu o direito de observar que a grande massa está cada vez mais acelerada, correndo de um lado para o outro, à margem dos planejamentos a longo prazo e das previsões certeiras sobre o futuro? A sociedade dos bens duráveis agora é a sociedade dos bens descartáveis. Onde a orientação pela produção deu espaço a orientação pelo consumo. A Era Sólida ficou para trás e configurou-se de vez na Modernidade Líquida de Zigmount Bauman.

O filósofo francês Michel Foucault já chama a atenção para algumas destas mudanças sociais há algum tempo. Podemos observar, sobretudo nas últimas décadas desde a passagem do liberalismo ao neoliberalismo. A competição pela conquista dos consumidores é cada vez maior. A comunicação, o marketing e o design ganham cada vez mais importância nas transações comerciais. A globalização tem seus prós e contras, uma vez que invade as fronteiras com produtos multinacionais e sufoca produções locais. 

A era das redes coloca todo mundo em conexão. O trabalho em equipe deu lugar ao trabalho em rede. Onde se observam variações na importância do espaço e tempo. O tempo agora é descontínuo. E o conhecimento é superado ao mesmo tempo em que é produzido. Na era do imediatismo, se tronou mais difícil fazer planos sobre o amanhã. Hoje vigora um mundo onde as pessoas vivem para o presente.

Já foi o tempo em que perguntas como "Quais seus planos para daqui cinco anos?", "Onde você vai querer estar daqui dez anos?", 'O que você vai querer fazer aos sessenta anos?' faziam alguma diferença. Estas eram perguntas que orientavam o planejamento estratégico nas décadas de 1980 e 1990. E esta tática, mesmo ultrapassada, até hoje norteia planos de negócio e carreira. Contudo a imprevisão dos fatores paralelos, das forças sobrenaturais da natureza, das variações de mercado, câmbio, empregabilidade e muitas outras variáveis nos colocam em um labirinto onde o que vale é ganhar o hoje. Um dia de cada vez. Vinte e quatro  horas, sete dias por semana. A cada minuto. A cada segundo. Sem muitas expectativas em relação aos resultados, mas cientes da caminhada.

A primeira vista isto lembra um navegador sem bússola no meio do oceano. Ou um carro, com o marcador de combustível quebrado, fazendo uma longa viagem. E é mesmo isto que está acontecendo. Poucas pessoas se deram conta do que o Sociólogo norte-americano Richard Sennett já observou há algum tempo. Neste contexto precisamos ser empreendedores de si mesmos, sendo flexíveis e se adaptando às transformações cotidianas. Processo este que torna necessário aprender a aprender. Enfim, a vida é uma escola. De outro lado, para o imediatismo; Paciência.


J.P.D.

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