sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Uma passagem à nova era


No mundo em que vivemos é preciso ter consciência de que as pessoas precisam umas das outras. O aluno aprende com o professor, que compra o pão que o padeiro fez. O médico cura o filho da costureira que desenhou o vestido de debutantes de sua neta. O policial cuida da segurança de outros profissionais que por sua vez lhe dão o retorno em alguma área especifica, e que retorna também a outros tantos, como produto, serviço, gratidão, respeito e outras formas. Não há como fugir do entendimento social. Da convivência e da comunhão entre interesses, demandas e espaços.

Miichel Maffessoli coloca o religare como um reagrupamento entre 'Deus (da teologia), o Espírito (da filosofia) e o indivíduo (da economia)' num mundo  onde o homem não é mais tão considerado individualmente, apesar da grande tendência à individualização. A identidade provém do coletivo, do ambiente social que cada um participa e interage. Não são apenas os homens que vivem em comunidades; Mas as comunidades também vivem nos homens. Neste ambiente ocorrem as transformação da sociedade atual. Um misto da individualização do 'cada um por si', com a socialização do cidadão comprometido com a comunidade, a nação e o planeta. É uma passagem. Uma transição ambivalente que resulta da comunhão destes dois movimentos.

Tom Wolfe, jornalista e escritor, coloca que o fim de alguma coisa não deve ser visto como algo trágico, mas sim como a abertura de uma porta para o início de algo novo. Assim como a maioria das religiões traduzem os 'ritos de morte' como uma 'passagem à vida'. Nietszche dizia na década de 1880 que Deus estava morto dentro do coração do homem. E fazia avaliações retrocedentes nas relações entre os homens e as cresças religiosas. Sobre os valores impostos aos homens pela sociedade e vice versa. Neste contexto a morte de Deus, por Nietzsche, deve ser entendida como a hora em que o Ser supremo transmutou-se e assumiu uma nova forma.

Neste contexto, homens reunidos em busca de um mundo melhor, através das transformações sociais coletivas e individuais, trabalham juntamente para tornar esse outro mundo possível. A mente humana, como coloca o canadense Steven Pinker (estudioso da linguagem e das ciências cognitivas), evolui juntamente com a espécie. E é nesta direção, na direção da evolução, que as transformações devem proceder. O milagre da linguagem traduzido no poder da expressão deve ser entendido como uma possibilidade de releitura do universo, através de uma nova compreensão e sucessivas reconstruções de nossa realidade. 

Esforços unidos nesta intenção somarão forças para salvar este mundo. Desde os recursos naturais, como a água doce, por exemplo, muitas vezes citada por Jean-Michel Cousteau como a fonte de vida da Terra, até as relações humanas e de trabalho. A produção além da metodologia racional de Henry Ford, ou da construção da riqueza das nações compreendida por Adam Smith. O ser deve continuar sendo mais valorizado que o ter, e o ter precisa estar ao acesso de todos. Repito: Esforços somados nesta direção somarão forças para salvar o mundo. 

J.P.D.

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