Hoje em dia temos acesso a todo tipo de
literatura, e ao número mais variado de escritores de todos os cantos do
planeta e de todas as áreas; Traduzidos para a maior parte das línguas
existentes no mundo. Mas o mais interessante em tudo isso é que cada autor tem
uma história específica, individualidade, objeto de estudo e interesses os
quais o motivam para o cumprimento da missão de passar um olhar alternativo
sobre a realidade.
O psicanalista italiano, Contardo
Calligaris, radicado no Brasil coloca a importância de lendas e mitos locais na
construção da cultura de um povo. Para ele a mitologia e o sincretismo fazem
parte de uma ordem social fundamentada na tradição. Contudo a história das
narrativas escritas, orais e audiovisuais de 150 anos para cá, não transmitem
nem ilustram uma ordem social. Elas a inventam, propondo caminhos e soluções
narrativas possíveis que fazem e desfazem ordens também possíveis.
Calligaris coloca que "a nossa
narrativa se confunde com nossa capacidade de viver". Neste sentido
podemos cair no erro de confundir a mitologia das lendas, e a virtualidade do
imaginário, como tudo o que é, de fato, real. Sobre a literatura e a narrativa
histórica, o psicanalista ainda coloca que "a arte de marrarmo-nos é a
nossa arte de viver". Neste sentido, como bons cidadãos, precisamos fazer
a coisa certa. Dentro da moral e da ética, com a responsabilidade necessária.
O economista Eduardo Giannetti coloca a
importância da sensibilidade em tudo o que fazemos. Sentir por vezes é mais
importante que ver e ouvir, para crer e entender respectivamente. A
Neurociência estudada por ele, e pelo médico e cientista
brasileiro Laporta Nicolelis, nos lembra da relação mente-cérebro. E luta
para o desenvolvimento entre a medida certa da ação consciente em contrapartida
ao ato involuntário. O que Freud diria de um bom relacionamento
intrapessoal entre Id, Ego e Superego. Traduzindo: Equilíbrio emocional.
Neste sentido segue-se a construção
social do conhecimento, seja pela escrita ou outras ferramentas de manifestação
artística através do entendimento. O pintor, escritor e jornalista
cubano Pedro Juán Gutiérrez nos faz a pergunta: "Por que um escritor
começa a escrever?". E ele mesmo responde dizendo que os escritores agem
como sendo "crianças que querem entender tudo sobre tudo". E a cada
momento nos surpreendem com suas perguntas, curiosidade e interesse em aprender
e descobrir algo novo, desvendando o desconhecido. E são estas pessoas que
estão fazendo o registro de nossa história, seja através de lendas e mitos,
seja através de uma narrativa mais fria e formal.
O que devemos colher de tudo isto é que
pessoas que utilizam os dons que possuem para registrar o mundo conforme o
percebem, seja pela arte, música, pintura, literatura, pelas lentes de uma
câmera digital ou de infinitas outras formas e formatos, são pessoas que ao
colher um pouco do mundo através de suas leituras particulares, transmitem uma
visão singular universalizando caminhos e ângulos diferentes de ver o mundo
como ele é. Neste sentido só posso dizer, que apesar do pouco incentivo aos
artistas alternativos, devemos participar desta troca e soma de conhecimento e
sabedoria. Sigamos cientes e determinados nesta direção.
J.P.D.
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