segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A literatura escrevendo a história


Hoje em dia temos acesso a todo tipo de literatura, e ao número mais variado de escritores de todos os cantos do planeta e de todas as áreas; Traduzidos para a maior parte das línguas existentes no mundo. Mas o mais interessante em tudo isso é que cada autor tem uma história específica, individualidade, objeto de estudo e interesses os quais o motivam para o cumprimento da missão de passar um olhar alternativo sobre a realidade.

O psicanalista italiano, Contardo Calligaris, radicado no Brasil coloca a importância de lendas e mitos locais na construção da cultura de um povo. Para ele a mitologia e o sincretismo fazem parte de uma ordem social fundamentada na tradição. Contudo a história das narrativas escritas, orais e audiovisuais de 150 anos para cá, não transmitem nem ilustram uma ordem social. Elas a inventam, propondo caminhos e soluções narrativas possíveis que fazem e desfazem ordens também possíveis. 

Calligaris coloca que "a nossa narrativa se confunde com nossa capacidade de viver". Neste sentido podemos cair no erro de confundir a mitologia das lendas, e a virtualidade do imaginário, como tudo o que é, de fato, real. Sobre a literatura e a narrativa histórica, o psicanalista ainda coloca que "a arte de marrarmo-nos é a nossa arte de viver". Neste sentido, como bons cidadãos, precisamos fazer a coisa certa. Dentro da moral e da ética, com a responsabilidade necessária.  

O economista Eduardo Giannetti coloca a importância da sensibilidade em tudo o que fazemos. Sentir por vezes é mais importante que ver e ouvir, para crer e entender respectivamente. A Neurociência estudada por ele, e pelo médico e cientista brasileiro Laporta Nicolelis, nos lembra da relação mente-cérebro. E luta para o desenvolvimento entre a medida certa da ação consciente em contrapartida ao ato involuntário. O que Freud diria de um bom relacionamento intrapessoal entre Id, Ego e Superego. Traduzindo: Equilíbrio emocional.

Neste sentido segue-se a construção social do conhecimento, seja pela escrita ou outras ferramentas de manifestação artística através do entendimento. O pintor, escritor e jornalista cubano Pedro Juán Gutiérrez nos faz a pergunta: "Por que um escritor começa a escrever?". E ele mesmo responde dizendo que os escritores agem como sendo "crianças que querem entender tudo sobre tudo". E a cada momento nos surpreendem com suas perguntas, curiosidade e interesse em aprender e descobrir algo novo, desvendando o desconhecido. E são estas pessoas que estão fazendo o registro de nossa história, seja através de lendas e mitos, seja através de uma narrativa mais fria e formal.

O que devemos colher de tudo isto é que pessoas que utilizam os dons que possuem para registrar o mundo conforme o percebem, seja pela arte, música, pintura, literatura, pelas lentes de uma câmera digital ou de infinitas outras formas e formatos, são pessoas que ao colher um pouco do mundo através de suas leituras particulares, transmitem uma visão singular universalizando caminhos e ângulos diferentes de ver o mundo como ele é. Neste sentido só posso dizer, que apesar do pouco incentivo aos artistas alternativos, devemos participar desta troca e soma de conhecimento e sabedoria. Sigamos cientes e determinados nesta direção.


J.P.D.

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