sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Programa eleitoral gratuito e Teorias da comunicação


Estamos chegando ao fim de mais uma eleição e não pude deixar de fazer uma análise do programa eleitoral gratuito através da ótica das Teorias de comunicação. Manipulação, persuasão e influência são verdades que não devem ser desconsideradas. Sobretudo o controle da informação, a causa, o efeito e o feedback esperado nas urnas logo se traduzirão em votos.
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Posso começar dizendo que todo programa eleitoral passa por um processo de newsmaking. Uma seleção do que deve ser passado ao público. Levando-se em consideração a noticiabilidade e a relevância de cada informação. O Gatekeeping está presente tanto no newsmaking quanto na parte do TSE, que, sobre a orientação do código de ética da comunicação, valida direitos de resposta a informações flutuantes e inverdades.
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Boa parte do público adequa seus horários de acordo com a programação da TV. E esta por sua vez configura sua programação de acordo com os interesses dos públicos. Nada além de um exemplo prático da teoria da Agenda Setting. O efeito latente é uma realidade. As influências de alguns dados começam a aparecer quase que anuladas. Mas com o decorrer do tempo ganham dimensão maior. Um bom exemplo é o das pesquisas do Ibope e Datafolha.
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Quanto ao público, e sua decisão sobre em quem votar, pode-se dizer que sofre a ação das possiblidades dos usos e gratificações que os programas políticos lhe oferecem. O eleitor é induzido a agir a partir do que a propaganda lhe propõe. Nada além de um exemplo da bullett theory. Mas quase tudo depende da decodificação da mensagem. Pois como diz a semiótica, nem sempre o significante condiz com o significado.
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Além da visibilidade mediada dos candidatos podemos ressaltar, por parte do público alvo, consequências tais como a sobrecarga simbólica e a absorção do self. Ou seja, o incorporeamente dos conteúdos e da experiência mediada. Tudo isso se traduzirá de fato no voto nas urnas. Podemos dizer que o futuro presidente do Brasil será sem dúvida nenhuma o melhor produto oferecido pela mídia. A indústria cultural já dizia que a cultura de massa, além de emergir da massa, sofre a influência da manipulação das mídias.
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Enquanto o espectador-eleitor assiste o programa eleitoral gratuito, nada mais é do que um receptor passivo de uma quase interação mediada. Mas no próximo domingo, na hora de escolher em quem votar, terá o direito de interagir e fazer do seu voto o feedback definitivo desta corrida publicitária. Neste momento a teoria deixará de ser teoria e tornar-se-á realidade.
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Juliano Dornelles

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